O
estresse oxidativo ocorre quando, dentro do organismo, é produzida uma
quantidade muito grande de radicais livres em relação à quantidade de
compostos antioxidantes, fazendo com que o próprio corpo não consiga
eliminar esses radicais de maneira eficiente. Esse fenômeno ocorre
devido a alguns fatores, e um deles é o exercício físico intenso. Esses
radicais livres podem reagir com compostos do corpo, causando prejuízos
às membranas celulares e até mesmo à molécula de DNA.
Um
dos tipos de radicais livres que são produzidos no corpo humano quando
se pratica exercícios físicos intensos são as chamadas espécies reativas
de oxigênio. Mas o que são essas espécies reativas de oxigênio? Espécie
reativa de oxigênio é todo composto químico (átomo ou molécula) que
possui um elétron livre na camada de valência, ou seja, esse elétron não
está pareando com outro elétron. Isso faz com que esse composto tenha
certa instabilidade, podendo se ligar e reagir com outro composto
químico (no caso, membranas celulares, DNA, proteínas do corpo humano),
mudando a configuração dessas estruturas e causando prejuízos ao corpo.
Quando uma pessoa pratica exercícios
físicos muito intensos, são produzidas as espécies reativas de oxigênio
de três maneiras diferentes, assim com foi mencionado no artigo “Zinco,
estresse oxidativo e atividade física”. A primeira maneira é dentro da
mitocôndria. No corpo são produzidas constantemente espécies reativas de
oxigênio pela cadeia de transporte de elétrons, porque nem todo o
oxigênio que entra na mitocôndria e passa pela membrana interna se
transforma em água. Como no exercício físico intenso o consumo de
oxigênio aumenta de maneira considerável, o percentual dessas moléculas
que vai se transformar em espécies reativas de oxigênio aumenta também,
aumentando assim, a quantidade de radicais livres dentro do corpo.
A
segunda maneira seria a de produção de radicais dentro do citoplasma
celular. O AMP que fica neste local, quando se pratica exercícios
físicos intensos, é transformado em IMP (inosina monofosfato). Quando a
concentração deste composto formado aumenta muito dentro no músculo
esquelético, o que é causado pelo exercício intenso, este IMP é
transformado em hipoxantina, xantina e em outros compostos
posteriormente. Mas o que é de interesse para nós é a enzima que
catalisa a reação de transformação da hipoxantina em xantina, pois
quando a pessoa está em repouso, esta enzima utiliza o NAD+ como aceptor
de elétrons. Mas quando a pessoa passa a praticar exercício físico
intenso, esta enzima passa para sua forma reativa, que em vez de usar o
NAD+ como aceptor de elétrons, ela usa o oxigênio molecular,
transformando-o no radical superóxido (olhar primeira equação do quadro
mostrado no painel).
Por
último, temos a produção de radicais favorecida pelos íons ferro e
cobre. Quando se pratica exercícios físicos intensos, o corpo entra em
uma acidose metabólica. Mas o que seria esta acidose metabólica? Este
fenômeno é causado porque quando a pessoa está praticando o exercício
intenso, a glicose sanguínea diminui, fazendo com que o corpo produza
glucagon. O glucagon vai induzir a metabolização de lipídeos e de
proteínas. Os lipídeos serão transformados em ácidos graxos e depois em
corpos cetônicos. Como os corpos cetônicos têm um caráter levemente
ácido, eles diminuirão o pH sanguíneo, causando assim a acidose
metabólica. A acidose metabólica fará com que o ferro da hemoglobina
seja liberado. Esse ferro, junto com o cobre, poderá promover a reação
de Fenton, que transformará a molécula de peróxido de hidrogênio no
radical hidroxila.
Alguns
estudos mostram que uma maior produção de radicais livres no
organismo,quando se pratica exercícios físicos, está mais relacionada ao
estado de exaustão que a pessoa adquire ao praticar este exercício do
ao próprio exercício realizado.
Ou seja, não importa se a pessoa está
caminhando ou correndo, o que importa para que haja uma maior produção
de radicais livres é se ela está muito cansada ao praticar este ou
aquele exercício. Algo importante a ser lembrado é que o estado de
exaustão está relacionado ao costume de se praticar exercícios físicos.
Quanto mais uma pessoa praticar exercícios físicos, mais adaptado o
corpo dela vai ficar e menor será a quantidade de radicais formados
durante este exercício. Uma forma interessante de adaptar o corpo ao
exercício físico é ir aumentando aos poucos a intensidade deste
exercício, e não começar desde o início de maneira muito pesada.
Para
se proteger contra os radicais livres, o corpo utiliza substâncias
antioxidantes. Estas substâncias são de três tipos: antioxidantes de
prevenção, varredores e de reparo. Os primeiros são usados para que não
haja uma formação de radicais livres, os segundos são para impedir que
os radicais livres já formados não consigam reagir com os compostos do
corpo humano e os últimos são para reparar os danos causados pelos
radicais livres que já reagiram com as membranas celulares, com o DNA ou
com proteínas do corpo.
As
substâncias antioxidantes podem ser classificadas de duas maneiras: em
enzimáticas e em não enzimáticas. Dentro das enzimáticas, falaremos de
três, a enzima superóxido dismutase (SOD), a catalase (CAT) e a
glutationa peroxidase (GPx). A enzima superóxido dismutase participa de
reação de transformação de duas moléculas do radical superóxido em
peróxido de hidrogênio. Já as outras duas transformam o peróxido de
hidrogênio em água, em duas reações diferentes. E, dentro das
substâncias não enzimáticas nós temos as substâncias que são produzidas
pelo próprio organismo e as que são ingeridas pela dieta.
Uma substância que é ingerida através da
dieta, mas que não se tem exata comprovação científica de que ajuda na
prevenção antioxidante é o zinco. Sabe-se que
ele participa da estrutura da enzima superóxido dismutase que, como já
foi falado anteriormente, ajuda na retirada do radical superóxido do
organismo, transformando-o em peróxido de hidrogênio. O zinco também
participa da estabilização de membranas celulares e de algumas proteínas
do corpo. A figura ao lado mostra alguns alimentos fonte de zinco, como
algumas castanhas, amendoim, carnes e feijão de corda.
Para se
proteger contra os radicais livres, o corpo desenvolve adaptações
antioxidantes.
Para
terminar, não devemos nos preocupar tanto com esta imensa formação de
radicais livres produzidos no nosso organismo durante a atividade física
intensa, pois o nosso corpo utiliza estes radicais para se proteger de
microorganismos invasores, como bactérias.
Referências :
Zinco, estresse oxidativo e atividade física
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-52732003000400007&script=sci_arttext&tlng=pt
Radicais livres de oxigênio e exercício: mecanismos de formação e adaptação ao treinamento físico
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922004000400008&lng=pt&nrm=iso
Postado : Marcelo Eslabão
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