quinta-feira, 13 de junho de 2013

Atuação das drogas no sistema nervoso central

As drogas psicotrópicas atuam nos neurônios de diversas formas dependendo da substância. Elas podem estimular ou inibir certos sistemas de neurotransmissão. Alguns destes sistemas estão mais comumente envolvidos na ação das drogas, como o dopaminérgico (do neurotransmissor dopamina), gabaérgico (ácido gama-aminobutírico), serotonérgico (serotonina), adrenérgico (adrenalina e noradrenalina) e opióide (endorfinas, dinorfinas e encefalinas). O dopaminérgico parece ser o principal envolvido na fisiologia das dependências químicas. O neurotransmissor dopamina está relacionado com sensação de prazer e acredita-se que ele atue no desenvolvimento do comportamento de dependência para a maioria das drogas psicotrópicas de abuso. Este desenvolvimento da dependência estaria relacionado com a ativação do circuito de recompensa cerebral. Tal circuito se inicia com a liberação de dopamina na área tegmentar ventral, e então estímulos são enviados para o núcleo accumbens e de lá para o córtex pré-frontal. Todas estas regiões estão relacionadas com as emoções.
Assim como a dopamina, a serotonina também está relacionada com a sensação de prazer; os opióides estão relacionados à analgesia, prazer e relaxamento; o ácido gama-aminobutírico (GABA) está ligado à sedação e relaxamento, e a adrenalina e noradrenalina atuam na ativação do sistema nervoso simpático, ou seja, de respostas do corpo relacionadas à luta ou fuga, como taquicardia, dilatação das pupilas, aumento da pressão sanguínea etc.
No sistema nervoso a neurotransmissão se dá como forma de comunicação entre neurônios. Estas células possuem dendritos: ramificações próximas ao núcleo celular; e axônio: prolongamento que se estende até a outra extremidade da célula. A extremidade do axônio de um neurônio vai passar estímulos para um dendrito do neurônio seguinte através de uma conexão chamada sinapse. Neste processo um neurotransmissor localizado no terminal do axônio é liberado na fenda sináptica (espaço que fica entre os neurônios emissor [pré-sináptico] e receptor [pós-sináptico]) e se liga a um receptor do neurônio seguinte. No caso, por exemplo, da dopamina e serotonina esta ligação ao receptor é responsável pela sensação de prazer. Cada neurotransmissor conta com receptores específicos.


O sistema nervoso dispõe de formas de regular a quantidade de neurotransmissores na fenda sináptica com o objetivo de modular seus efeitos. Para que não haja excesso de neurotransmissores soltos, o que iria exacerbar seus efeitos, há na membrana pré-sináptica (membrana do neurônio emissor) bombas de recaptação (também chamadas de  transportadores) que irão capturá-los de volta. Também existem enzimas específicas que degradam os neurotransmissores na fenda sináptica e dentro do neurônio emissor.
Uma das formas de atuação das drogas é a inibição dos mecanismos que regulam a quantidade de neurotransmissores na fenda sináptica. Algumas substâncias podem bloquear a ação dos transportadores ou das enzimas que degradam os neurotransmissores, levando ao aumento de neurotransmissores na fenda sináptica. As drogas também podem agir induzindo a liberação de neurotransmissores na fenda sináptica a partir do neurônio emissor, ou se ligando diretamente aos receptores neuronais, o que resulta na estimulação destes. Outra possibilidade de atuação é a provocação do aumento da sensibilidade dos receptores, que passam a ser mais estimulados do que seriam normalmente quando recebem o neurotransmissor.
Como anteriormente citado, além de estimular sistemas de neurotransmissão algumas substâncias também inibem certos sistemas, isto pode ocorrer com a inibição dos receptores, e também com inibição da liberação de neurotransmissores a partir do neurônio emissor.
Cada droga atua de uma forma específica e normalmente faz surtir seus efeitos através de mais de uma maneira. Resumindo, as principais formas de ação são:

  • Inibição das enzimas que degradam neurotransmissores.
  • Inibição dos transportadores.
  • Estimulação da liberação de neurotransmissores a partir do neurônio emissor.
  • Estimulação direta dos receptores.
  • Aumento da sensibilidade dos receptores.
  • Inibição dos receptores.
  • Inibição da liberação de neurotransmissores a partir do neurônio emissor.

Graduanda: Juline Macedo
5° semestre, Ciências Biológicas

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